Os leitores
Essa é uma seção dedicada a comentários dos leitores que tiveram a generosidade de deixar para mim um recado sobre o livro ou de escrever em seus blogs/jornais/portais:
Sobre Vertigem do chão
Formed a band, we formed a band, look at us, we formed a band! 🙂 Lembra dessa música? Te cito ela aqui porque, meu, YOU WROTE A NOVEL! (ok, you wrote many novels, already…. but let’s focus on this one here!). Você escreveu um ROMANCE! Certa feita estava eu no teatro do paiol, num show do André Christovam, quando um cara atrás de mim disse “esse cara é um músico”. e o povo do conservatório, anos depois, usava muito esse elogio. num lugar onde todos “eram músicos”, era uma grande distinção ser considerado “um músico”. Então te digo agora, você escreveu um romance. Parabéns. Da parte dos peões reprodutores da obra alheia (aka tradutores) fico aqui na invejinha dos criadores! Curti acompanhar tuas espirais. curti a pretensão, a “audácia”. Deveras 🙂 Abraço grande, escritor – Caetano Galindo, versão informal, via e-mail
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Essa Vertigem do Chão não se desmente. Tridapalli escreveu um livro corajoso, diferente, dissonante até nas suas harmonias. Um livro que desorienta, tira o chão. Para quem não quer mais do mesmo. Para quem quer mais e quer riscos; quer atrito: novidade. Um livro para quem acha que o romance brasileiro, hoje, pode ainda ser outro. – Caetano Galindo
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Cezar, terminei teu livro ontem. Bah, achei muito bom. Tu é um excelente narrador, o tom tá preciso, as questões levantadas são de extrema importância e não caem em certezas. E tem todo esse “senso de real” e essa entrada em universos que não são exatamente os meus, tipo dança, exercício físico, em resumo, CORPO, e eu adoro isso. Já sou uma entusiasta do teu livro, achei muito acima da média. A riqueza está também em mostrar lados, tratar com a complexidade que merece. – Carol Bensimon, versão informal via WhatsApp
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Poucas pessoas teriam domínio técnico suficiente para entrelaçar o percurso desses dois protagonistas – Leonel e Stefan – de uma maneira tão orgânica. São cortes sutis e ousados, quase cinematográficos. Mas “Vertigem do Chão” é mais do que isso, porque também surpreende no nível da história, levantando questões geopolíticas contemporâneas extremamente relevantes. Fugindo dos caminhos fáceis e da ingenuidade de escolher um lado, o narrador de Tridapalli trata dessas questões com a complexidade que elas merecem. – Carol Bensimon
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Cezar, achei o Vertigem do chão muito foda, muito bem escrito, muito bem pensado, levanta questões fundamentais da ordem do corpo, da cultura, do convívio. mete o dedo numa série de feridas, e acho que tem que ser por aí mesmo. A escrita entrelaçada funcionou bem pacas, vai na contramão de certa prosa genérica nacional que merece mesmo é sumir. A tua escrita procura o sentido, funda o sentido do que diz. – Guilherme Gontijo Flores, versão informal via e-mail
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Vertigem do chão, esse romance novo de Cezar Tridapalli, é, sim, um jogo de corpo, porém nos dois sentidos possíveis da expressão: um jogo entre corpos diferentes, e um movimento inesperado do corpo, anúncio do drible que não soubemos antever, movimento abrupto e, por que não?, bruto do corpo, a beira, o ponto de abertura da violência, ao mesmo tempo em que, sim, um jogo. A história de Leonel e Stefan, antípodas totais, um brasileiro na Holanda e um holandês no Brasil, é ainda mais que um jogo de corpo; é a história plural de corpos que carregam consigo muito mais do que um maquinário anatômico em comum; é, no limite, a multiplicidade dos corpos humanos em contato tantas vezes intraduzível no convívio: a pele, a tez, os cabelos, a língua, o sexo, tudo se desdobra como um corpo cultural; corpo que logo sou; corpo que, sendo meu, me permanece alheio.
E não à toa, Vertigem do chão nos mostra o solo instável do corpo, que se descobre estranho no encontro com estranhos de outros corpos, outras línguas, outros sexos, estranhos que têm seus corpos em outras culturas, os muçulmanos imigrantes de Utrecht, os haitianos imigrantes de Curitiba, etc., essas figuras que permanecem forçadas a viver em ilhas do alheio; mas é também a história de imigrações que se desdobram de modos muito diversos, do corpo gay holandês, ao corpo gay brasileiro, com suas marcas, físicas, psíquicas, suas construções aos frangalhos, sua errância interminável. Diante desse desencontro de mundos, Tridapalli acertou a mão em cheio, na recusa da narrativa jornalística que tanto enfada certa prosa nacional, no risco de entrelaçar a descontinuidade antipódica de Stefan e Leonel a ponto de forjar uma só vertigem variegada; na capacidade de abrir o seu romance às vozes instigantes e esquivas de Fadilah, de Desimond; mas sobretudo no choro inarticulado de Zineb, essa menina, teste da avó, na iminência da própria responsabilidade; ela, sim, a própria vertigem do chão. – Guilherme Gontijo Flores
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Faço uma recomendação especial deste novo romance do Cezar Tridapalli, Vertigem do Chão. Acredito estar em posição particularmente privilegiada para isso, uma vez que acompanho a carreira do Cezar desde seus primeiros passos como ficcionista, tendo sido um primeiro leitor de todos os seus três romances e contribuído com sugestões e comentários às versões finais dos dois livros já publicados, Pequena Biografia de Desejos e O Beijo de Schiller (Prêmio Minas Gerais de Literatura).
Sobre Vertigem do Chão, acredito não ser exagero dizer que é dos mais verdadeiramente contemporâneos romances escritos em língua portuguesa nos últimos anos – e eis aí um tipo de produção que, por obrigação profissional de professor tanto quanto por gosto pessoal, acompanho muito de perto. Mas, sobretudo, o que chama a atenção na obra do Cezar, e neste novo romance em particular, é o nível da prosa realista – como toda boa ficção do gênero, reflexiva das questões do nosso tempo – a ombrear com os grandes praticantes do romance, em especial no mundo de língua de inglesa, onde essa tradição é mais forte e consolidada. Afirmo isso como tradutor de autores como o inglês Jonathan Coe e o americano Jeffrey Eugenides, entre mais de duas dezenas de outros, a maior parte para a Companhia das Letras.
Ao colocar em cena dois personagens homossexuais, um brasileiro e um holandês, fazendo-os vivenciar as circunstâncias culturais e a familiaridade por vezes opressiva do país e da cidade do outro, Cezar traz para o centro do enredo a questão mais premente do mundo de hoje: em poucas palavras, o embate das diferenças.
Stefan viu de perto o terrorismo que apavora o europeu médio, e de um ponto de vista assustadoramente privilegiado: o seio de uma família e de uma paixão – o namorado assassinado – envolvidas na militância da extrema direita holandesa (embora a mãe talvez guarde, num amor secreto do passado, o que poderia ser a semente de um mundo mais tolerante). Leonel, mestiço com tênues raízes batavas na colônia holandesa do interior do Paraná onde foi criado pelos avós, emigra para a Holanda depois de sobreviver à clássica infância violenta da qual um menino homossexual, futuro bailarino, tantas vezes fica à mercê num país bruto como o Brasil. Ambos profissionais do corpo – Leonel na dança, Stefan como corredor e, ao chegar a Curitiba, improvisado professor de academia – os personagens encarnam ainda essa obsessão da nossa época, um aspecto trabalhado com maestria no romance.
Some-se a isso um elenco de personagens secundários – muçulmanos perigosamente à margem numa Utrecht que se pensaria tolerante, como supostamente toda a Holanda; um haitiano tentando sobreviver numa Curitiba despida do verniz de “civilizada” e “europeia”, e num tempo de radicalização política (geral, não apenas partidária) e ainda mais violência num país já notoriamente violento – e o que se tem, repito, é uma das ficções mais sintonizadas com esta nossa época tão conturbada que já tive o privilégio de ler.
Um salto, enfim, numa obra que já se anunciava promissora nos dois livros anteriores. Daí ter me permitido esta carta em que – perdoe a ousadia – insisto mais uma vez quanto à excelência de um romance que, mais do que simples aposta num jovem e promissor ficcionista, se publicado tem tudo para estar nas próximas listas de melhores romances brasileiros. – Christian Schwartz
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Sem dúvida, é o seu melhor livro! Como este livro conversa com a atualidade – André Tezza
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Cezar Tridapalli é um verdadeiro escritor: não só conta uma história (de viés e com um arsenal de técnicas muito próprios), como é capaz de ir atrás de minudências dos personagens, do cenário (muito visual), do pensamento e desequilíbrios de cada um – ainda fazendo digressões de tanto em tanto, descrições pelo ângulo da ironia, analogias que tiram o solo seguro debaixo do pé do leitor. Entremeia vozes distantes e diversas, explorando o multiculturalismo crítico que sempre é uma face de crises e perplexidades, dando muita solidez ao enredo. Na verdade, as imagens icônicas são abundantes e presentificam/concretizam as ideias, tornando o livro sobretudo uma reunião de ideologias em constante conflito. Bakhtin afirma que o romance é o gênero do homem em crise, do homem no limiar. Esta visão está muito bem emaranhada em Vertigem do chão porque tanto Leonel quanto Stefan nunca encontram o equilíbrio, uma possível paz em seus cotidianos. Tudo neles está estilhaçado, da língua às referências familiares; tudo neles foi tomado pelo turbilhão da viagem que é sempre um modo de questionar as raízes; tudo neles foi posto em causa, da sexualidade aos sonhos meio difusos. Eles estão em crise, são a crise, espelham a crise e, como tal, “representam” a falta de norte do Ocidente, uma região do mundo que endeusou o dinheiro e agora se vê na iminência de perder tudo ante o terrorismo e os lobos solitários. Tridapalli é um autor atento às camadas que nos formam e deformam e, por meio da galeria de seus personagens, desconstrói nossas ambições, nossas personalidades greco-cristãs, nossas bestas vaidades, nosso orgulho por uma cultura e uma civilização que não conseguiram erradicar a fome, a ignorância, a corrupção.
Trata-se de um grande e surpreendente romance, fruto de um talento burilado nas experiências anteriores e que agora floresce com toda a força, com uma energia animalesca e inovadora que revira a literatura brasileira atual pelo avesso. Há ousadia além de todos os limites, e o fruto está maduro, suculento, amargo às vezes, o que é bom para cutucar o leitor. Há momentos de pleno êxtase em meandros muito pessoais ou do narrador que exsudam uma energia muito familiar ao romance e que não vem mais sendo testada por este país esburacado. O autor tem um afinco muitas vezes cruel, muitas vezes irônico, muitas vezes humanístico que reboa pelas páginas como um voo rasante naquilo que se costuma chamar de condição humana. Vertigem do chão evidencia que não há esta condição de per si, e sim há a História, há a Sociedade que demarcam o perímetro e o ritmo e a consistência e o ser de cada personagem, logo de cada homem. Em muitos momentos há verdadeiras acrobacias verbais que surpreendem pela exatidão do que vem plasmado em palavras muito apropriadas para o tópico em causa. Em suma, temos um banquete e espero que o leitor tenha percepção aguda para degustar as iguarias. – Paulo Venturelli
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Assim como a leitura de “Vertigem do chão”, as viagens de Da Silva e Bisschop nos levam ao desiludir, no sentido de deixar de iludir, de se iludir. É um livro que usa distâncias para nos falar do presente, da globalização, da tolerância e da intolerância. É leitura reveladora que joga luz sobre os cinzas presentes no chiaroscuro dos dias de hoje. De sutil complexidade. É uma vertigem de altura quando se está deitado no chão. Imperdível. – Luiz Claudio Soares de Oliveira (confira resenha completa aqui)
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Vertigem do chão é um livro corajoso e audacioso, com linhas narrativas pautadas pela ousadia e talento. Ao mesmo tempo, existe um toque sutil de humor, que estremece com elegância as bases da cultura negacionista que tem assolado o mundo. – Jonatan Silva (confira resenha completa aqui)
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A linguagem: o discurso indireto livre aparece preciso como elemento central da narrativa. Parênteses sorrateiros do caos privado; a individualidade compartilhada; as tantas línguas (entrelaçadas como corpos) do romance. Um romance, por sinal, único, de narrativa protagonizada pelos limites do corpo e pelos limites (e possibilidades) da linguagem.
Se a arquitetura minuciosa do enredo já é marca do autor (em Pequena biografia de desejos e O beijo de Schiller já há evidência disso), aqui, além da precisão factual, da atenção a cada milímetro do paralelo Leonel-Stefan e das personagens que o cercam, o universo narrativo se expande como explosão entre o erudito e o popular, o conservador e o liberal, o imigrante e o nativo. Por meio dos diálogos que, como a cicatriz de Leonel, cortam o romance (Leonel-Fadilah; Stefan-Desimond), provoca-se o estarrecimento do leitor diante de um mosaico de perspectivas coincidentes ou perpendiculares, que torna impossível decidir um viés a endossar.
Com vigor narrativo excepcional, Cezar Tridapalli deixa claro, com este Vertigem do chão, que tem clareza em relação ao que é central quando se faz literatura. – Giovani Kurz
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Cezar Tridapalli escreveu um dos melhores livros que li nos últimos anos! Naturalmente que não existe isso de melhor ou pior na literatura, mas é um dos que mais me gerou identificação. À parte de ser um texto lindo, inovativo, sinérgico e cruel às vezes, irônico (melhor parte), seu controle de escrita é total. – Carlos Machado
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Com grande satisfação li sua terceira obra, viajando entre Utrecht e Curitiba e nos lapsos de tempo vividos pelos personagens. Há algo de glocal (síntese do global e local, que se mesclam e interagem) nos espaços geográficos que também se tornam personagens protagonistas em Vertigem do chão. Não obstante o cosmopolitismo da pequena Holanda, há séculos um país-porto, não só voltado ao mar (do Norte), como ponto nevrálgico de comércio hanseático ou de tantas quantas forem as índias ocidentais e orientais…, senti no filtro de minha leitura uma Utrecht provinciana, encabulada (o que a distingue de Amsterdã e Roterdã) e o que a aproxima da Curitiba que, embora possa ter talvez 20 vezes a população da cidade holandesa revelada na obra, segue com seu provincianismo (meio místico, mágico e conspirador) mesmo após o silenciar das rodas das carroças polonesas e italianas descendo a Manoel Ribas. Genial a sutileza das trocas de cenários dentro dos mesmos parágrafos. Sentenças sagazes, capazes de ligar enredos que se passam em locais tão distantes, de além-mar e em circunstâncias por vezes tão diferentes e, sob outros aspectos, tão similares em seu conteúdo dramático. – Francisco Rehme
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Vertigem do chão é corajoso. A mudança de vozes exige atenção e participação do leitor. Como é bom encontrar escritores que não subestimam seus leitores. É um convite a transitar em territórios desconhecidos. Ao viajarmos com Leonel e Stefan, somos apresentados a caminhos idealizados, suas frustrações, seus medos, a solidão, o estranhamento com a língua, o choque com a cultura e os preconceitos dos outros (dos nossos). Substancialmente, somos testemunhas da resposta dos corpos das personagens frente a essa experiência, que por vezes resistem mesmo com cicatrizes, e outras vezes se entregam ao cansaço e à dor. Corpos que são todo movimento e desejo, e que ainda estáticos não escapam do movimento rotacional da terra. Daí a vertigem do chão. Tudo isto é feito de uma forma inteligente, profunda e muito bem humorada. E nos despedimos de Leonel e Stefan, com a sensação de que a dor da queda também é esperança de encontro. O livro nos convida a experimentar o lugar do outro para, ao final da leitura, sairmos maiores do que entramos. – Gerusa Linhares Lamorte
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O autor espreme uma linguagem derivativa, onde as cenas da distância entre Curitiba e Holanda parecem que se aglutinam em cenários entrópicos, em ações simbióticas, mesmo na produção textual da ação contingente. A leitura requer atenção, pois os cortes são quase fraseados poéticos onde o espaço abre-se para fronteiras geopolíticas identitárias. Ginástica e dança estabelecem uma linguagem entre coletivo e solo. dEUs poderia ser ao mesmo tempo feixe-movimento-pensamento-ação, e entidade ontológica onisciente. – Fernando Andrade
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O seu terceiro romance é o máximo. Uma das obras mais complexas e inventivas que eu li. Levando em consideração o futuro, e a coerência de seu projeto artístico, é um gol do Pelé por Cezar Tridapalli. – Marcio Renato dos Santos
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Sobre O beijo de Schiller
Apaixonada por O beijo de Schiller, nunca vi narrativa com tamanha poesia. – Camila Oliveira
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Pensando em ir hoje na rua Schiller arriscar umas manobras na pista de skate ou uma partida de bocha… Adoro estas obras (literárias, teatrais, cinematográficas, etc) em que, aparentemente, nada ocorre e assim se abre espaço para o pensamento, o suspiro, a punheta, a silenciosa observação dos outros, o escuro e o som do toca-discos sem nenhum disco… Em O beijo de Schiller fiquei, por um tempo, esperando a hora do tiro, o momento do beijo, a descoberta dos segredos… Mas isso não importa. E se hoje eu cair do skate ou fizer umas embaixadinhas com a bola de bocha ou, ainda, tropeçar e cair na calçada torta de Curitiba, tudo bem… Não é disso que se trata. – Rafael Di Lari
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Esse é segundo romance do Cezar – o primeiro é o excelente “Pequena Biografia de Desejos” (7Letras) que resenhei na época – e que maravilha já perceber traços marcantes na escrita dele. Gosto demais da forma que ele trata de Curitiba nesses dois romances, sem o costumeiro exagero de narradores e personagens insistindo que vivem no centro marginal e conhecem todas as peculiaridades das esquinas. Aqui Curitiba figura mais como cenário, influindo no humor e nos detalhes. Me agrada muito a forma que personagens que vivem vidas tão díspares se relacionem mostrando que não há limites entre micro-universos. Um relato de síndrome de estocolmo, um livro dentro de um livro, um escritor com questionamentos humanos fingindo que está impune à vida real, relacionamentos tão comuns que funcionam como dispositivos de ficção e um menino sem identidade capaz de causar todas as revoluções necessárias para uma vida apática. – Emanuela Siqueira
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Que vigor, que humor, que acidez. – Aly Muritiba
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As muitas frases desestabilizantes que recheiam praticamente todas as páginas do livro, assim como o tom de mistério, meio realista, meio fantástico, dão um fluxo muito gostoso à sua narrativa. – Odenir Nadalin Júnior
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O romance de Tridapalli promove uma revelação. Não do extraordinário, ou do fantástico, mas daqueles aspectos mais dolorosos que guardamos dentro de nós. – José Castello
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Li o seu segundo romance, O beijo de Schiller, e achei realmente muito bom! Um grande escritor à vista, parabéns! Tenho honra de ter sido sua aluna. – Maria Isabel Bordini
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Gostaria de cumprimentá-lo. Não consegui ficar muito tempo longe da trama que você engendrou. Gostei muito do jeito filosófico com que você tratou a literatura! – ou teria mais sido um jeito literário de tratar a filosofia existencial?! Tem muito a ver com a maneira com que entendo e idealizo a literatura. Fazer pensar, embora não exatamente da maneira como nós pensamos, mas com subsídios do que apreendemos de nossas experiências e divagações. De um certo modo, acho até que seu livro dialoga com aquele que eu escrevi, pois contém provocações instigantes, não obstante a abordagem bastante distinta. Sou um indivíduo de criação e formação católica e não posso negar em minha obra a incitação à fé a que me consagro. Respeito e admiro, no entanto, a inteligência e vivacidade dos argumentos que você colocou na boca de seus personagens. Somente alguém com muita reflexão acerca de muitos pormenores da vida e que passam batidos à maioria das pessoas poderia formular tais “tiroteios”. Você também conseguiu me assustar! Minha esposa tem muita expressividade facial (ergue as sobrancelhas com um repertório incrível de significações) e minha sogra se chama Maria EUGÊNIA! O apelido pelo qual minha esposa me chama é Mau, que até tem a ver com Eme (M de Mauricio… exagerei?!) e dialogo bastante com ela para chegar em pontos de conhecimento que só dizem respeito a mim (soa familiar?). Quero também vir a ser escritor (!), e tenho uma vizinha… (Ah, essa parte deixa pra lá! Rsrsrsrs). Mas esse é o charme da literatura, não é? Nos permeia e nos chacoalha, deixando-nos furtivamente e ainda (aparentemente?!) intactos. Não quero chatear você com excesso de considerações. Parabéns e tenha sempre sucesso. Conquistaste um leitor. Contribuíste com meu universo de especulações e criatividade. Atingiste meu pensar com a contundência de um skate desgovernado… aliás, o que foi aquele beijo no delinquente? O que foi aquele delinquente? Cada um vê o que quer, mas eu vi uma mão transformadora celestial… como queira… – Santiago Mauricio
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Olha, ‘vivo’ é o adjetivo mais adequado para o seu livro. Os personagens existem, a cidade, o livro sendo escrito… E como você é engraçado! Gargalhei várias vezes. Um livro que continua reverberando após a leitura. – Jorge Emil
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A polifonia torna O Beijo de Schiller um romance bastante original, pois vários dos encaminhamentos narrativos de Tridapalli foram escolhidos na medida certa, sem malabarismos estilísticos irresponsáveis. Obra de extremo valor estético escrita por um verdadeiro cultor do bom gosto, O Beijo de Schiller é um dos romances mais relevantes deste ano. – Daniel Osiecki
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Não sei se isso é bom ou não, mas me identifiquei com vários aspectos da personalidade de Emílio Meister, o “Eme”. Ah… o diálogo ao final do livro entre o Eme a Eugênia… o debate está muito bom! Muito bacana poder me enxergar nele e poder pensar sob a lente das reflexões que ali estão. Sobre o Luka, o diálogo entre ele e sua cliente é brilhante! No que eu penso quando varro as folhas no quintal… fico com o segundo tipo de ser humano… acho que se parece mais com um humano do que o primeiro… orgulhos e arrependimentos são varridos e aspirados junto com a poeira que levanta do chão. Valeu, Cezar! Muito bom! Ah! Uma sugestão para o Luka além dos três leões no The Running Blog do The Guardian. Achei a cara dele: http://www.theguardian.com/
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Li o livro. Muito bom, muito mesmo. Já me coloco na lista de espera para o próximo! Aí esses dias fui almoçar no Banoffi e constatei (sem surpresa, mas com alguma decepção) que o suco de amora com ginkobiloba não vende lá. Vou deixar de sugestão da próxima vez. – Rafaela Mayer
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Comecei há pouco a ler teu livro. Estou gostando muito da ironia meio sarcástica que permeia tudo, e da linguagem que flui com uma desenvoltura enorme, fazendo a gente ver cada cena. – Carlos Dala Stella
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O beijo de Schiller me fez refletir sobre a fragilidade das relações humanas e o como é importante nos colocarmos no lugar do outro. O retrato talvez seja mais inclinado para a nossa classe média, no entanto, creio que não fuja tanto das outras classes, talvez apenas em uma proporção menor. O que mais me chamou atenção dentro destas fragilidades humanas foi este cenário de “indiferença” que os personagens sentem, retratando a dificuldade em estabelecer “laços”. Sair do próprio mundo e mergulhar no mundo do próximo me parece imprescindível para evoluir em tal questão. Penso como todos nós carregamos um pouco de “verdade”, mas apenas um “pouquinho”, e, no fundo, nossa vida em comunidade prospera à medida em que buscamos compreender mais as verdades alheias. Viu o que da ser “artista-autista” e ficar pensando demais? rsss. Muito bom o livro e bons aprendizados dentro dele também! Desejo de coração que venham tantos livros quantos tiverem de vir e muito sucesso sempre. – Lucas Ferron
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O beijo de Schiller me permitiu rir e coçar a nuca diante da polarização de um tempo em que não há espaço para o meio termo. Felizmente, existem o acaso, o desejo e a literatura de Cezar Tridapalli, que é um lindo elogio ao absurdo da vida. – Vinícius Soares Pinto
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Cezar Tridapalli vence com argúcia artística o desafio do segundo romance (…). Marca sua arte com uma dicção jovem, ancorando-se no romance de prospecção, de ideias, ultrapassando o realismo desgastado de nossa literatura, com um discurso original, poético e com pitadas de humor noir diante dos impasses (…). Enfim, um romance que não cede ao facilitário, obra de tessitura fina, uma lente para ler o mundo e materializá-lo em forma de arte. – Paulo Venturelli
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Terminei por agora o novo livro do grande Cezar Tridapalli, O beijo de Schiller. É o segundo romance do homem e, puxa, que capacidade fabular, capacidade de inventar personagens e situações! Talvez este tenha sido um dos motivos do livro ter sido premiado pelo Prêmio Minas Gerais de Literatura como melhor romance. E uma das questões principais do livro é uma das questões que também me incomodam: até que ponto a razão é fonte de sabedoria e até que ponto a razão é fonte de desumanização, de violência contra a nossa ingenuidade e a nossa capacidade de amar? (…) Continuo com fé inabalável que há realmente algo de muito especial acontecendo por aqui quando o assunto é literatura. E o mais legal: Curitiba costuma ser cenário dos livros. Pra quem é da cidade, a recomendação é ainda maior: o olhar sobre aquilo que está tão próximo de nós vai se multiplicando e a cidade, que era uma, vira muitas. – André Tezza
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Terminei de ler O Beijo de Schiller. Gostei bastante, é um livro que instiga outras leituras: das referências na história e de outras obras suas. Acabei por simpatizar com o Emílio, e, como moro nas redondezas (perto da Reitoria da UFPR), durante minhas caminhadas, ora pelo Centro Cívico, ora Juvevê, ora Alto da XV, fico pensando se não encontro com ele. Ou com o Luka. Prefiro encontrar o Luka, ainda bem que sou sócia do Círculo Militar e vou na feira de sábado do Passeio. Obrigada pelo exercício intelectual e pelas horas de divertimento e lazer! Pequena Biografia de Desejos já está na fila. – Fernanda Machado
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Seu livro me impressionou. E a história dentro da história tem um tanto de Auster que também me encantou. Cezar, você tem um talento, um olhar para os detalhes e um sentido narrativo, principalmente dos momentos mais tensos da trama que são de primeiro time. Eu que gosto muito do [Cristovão] Tezza, que já esta aí consagrado, e sou leitor do [Luís Henrique] Pellanda e do Rogério [Pereira], vejo você despontando como parte dessa turma mas, ao mesmo tempo, com uma estrada mais larga e longa para percorrer. – Daniel Medeiros
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Estou lendo seu livro com vagar, para aproveitar cada trecho e estou surpreso. Não que esperasse menos dele. Tinha certa convicção (não esperança) de que fosse um livro muito bom. Não vou dizer que você escreve bem porque isso podemos dizer para um aluno que faz uma redação ou uma narrativa que tenha lógica. Você tem um texto maduro e excepcionalmente bom. Não falo como professor nem como escritor. Falo como um amante da boa literatura mesmo. Só isso. Fico um pouco perturbado com certas descrições que você faz da relação entre as personagens porque eu me vejo na sua escrita. E isso tem me encantado e ao mesmo tempo me deixado curioso. Somos tão diferentes para escrever coisas parecidas — e talvez seja loucura minha, apenas. De todo modo, eu estou escrevendo para dizer que amei sua escrita. Eu também creio que seu prêmio foi muito acertado, embora eu não conheça os demais escritores… mas já fui jurado também… E tenho certeza de que as obras que estão aí girando ao redor da sua cabeça (essa imagem eu roubo de Derek Walcott) serão cada vez melhores e de primeira qualidade. Fico honrado de ser seu amigo e de poder estar tão próximo para te dizer isso. Muito grato pelo presente que é seu livro. – Benedito Costa
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No tecido narrativo preparado por Cezar Tridapalli no romance O Beijo de Schiller, todos nós, em algum momento da vida, acabamos nos tornando reféns. As relações de trabalho, de poder, os conflitos de classe e, principalmente, os embates românticos sempre acabam com alguém restringindo a liberdade de ação real ou emocional do outro. E como não raro acontece, as vítimas constróem um sentimento ambíguo e inesperado com seus carcereiros (…) Tridapalli encontra aqui uma voz literária madura que passa longe de imitações e formulismos. Entrega um romance de grande qualidade, fundamental para quem quer entender o que está acontecendo na literatura brasileira atual. – Sandro Moser
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Foi com um beijo que Judas traiu Jesus. É com um beijo que os noivos selam a cerimônia de casamento e é com O Beijo de Schiller que o escritor curitibano Cezar Tridapalli cria a pedra-fundamental da nova literatura paranaense. O livro, que recebeu o Prêmio Minas Gerais de Literatura, é uma metáfora para as situações-limite que desintegram o que resta do dia a dia. Emilio Meister, escritor mais comentado que lido, e sua esposa são vítimas de um sequestro no litoral catarinense e que acaba por se estender até a chegada do casal a Curitiba. – Jonatan Silva
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Da mesma forma que em o seu primeiro romance (Pequena Biografia de desejos, 7letras), O Beijo de Schiller problematiza a ficção e nossa condição urbana (…), revela ao leitor e aos próprios personagens a dimensão dramática e patética da vida. O sequestro, em O Beijo, é uma metáfora também de paternidade, de casamento ou simplesmente de amor. Ou talvez não seja metáfora alguma. O lirismo em todo o livro é construído e desconstruído a cada parágrafo de maneira inteligente, da mesma maneira que o humor e as digressões que atravessam as 272 páginas do romance. – Ronie Rodrigues
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Terminei de ler seu livro – O beijo… – agora. Tocante, instigante, cuidadoso, uma linguagem única. Adorei. Espero próximas obras. Um abraço. – Elisa Molli
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Li há pouco, no Suplemento Literário de Minas Gerais, o capítulo inicial do seu romance O beijo de Schiller, e adorei. Envolvente. Nem uma nota em falso. Muito bom mesmo. Parabéns! Longa vida! – Jorge Emil
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Sobre Pequena biografia de desejos
Em “Pequena biografia de desejos”, romance de estreia de Cezar Tridapalli, a vida interior de um tipo humano que o leitor de ficção tende a considerar à margem do fluxo dos grandes acontecimentos – no caso um porteiro humilde e sereno, interessado por livros – é narrada com desconcertante sensibilidade e profusão de detalhes. Colocando essa figura no eixo dos demais episódios, personagens e referências literárias de seu romance, Tridapalli produz um efeito muito interessante de vertigem em câmera lenta, indicativo de uma voz própria que vale a pena conhecer e acompanhar. – Daniel Galera
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Achei esta sua estreia um belo dum romance, uma obra literária de bastantes (mais que bastantes: muitas mesmo) qualidade e densidade, com altas penetrações psicológicas (sem qualquer sexualidade muito latente aqui, espero…), boa dose de humor refinado na caracterização e condução das situações e personagens, enfim: eu poderia tentar falar como crítico, mas prefiro falar como curitibano, que é uma espécie de crítico contextualizado elevado ao cubo – aliás, falando em contexto, é evidentemente um romance que um curitibano da sua faixa etária (a exemplo deste seu pedantesco erudito legítimo – outra sinonímia de curtitibano) lê com muito proveito, especialmente tendo quilometragem em ônibus públicos e conhecendo os bairros “em tela”…
Enfim, são muitas coisas interessantes que me chamaram atenção, notavelmente a demonstrada visão crítica bem aguda quanto às questões da literatura e da leitura neste país, neste estado, nesta cidade – e graças ao livro finalmente tomei conhecimento mais de fato que de orelhada do Dino Buzzatti e li O deserto dos tártaros, que era uma das muitas “falhas de caráter” do meu cabedal de leituras… – Ivan Justen Santana
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Lembro da Pequena gigante biografia como a história de um Desidério que cá dentro permanece como símbolo de um desejo meio oculto do homem tornar-se história-narrada, mesmo que seja no obscuro de uma gaveta de portaria… – Mayco Delavy
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Não somente O Beijo de Schiller, mas Pequena biografia de desejos é fascinante, prende do começo ao fim! – Elza Sato
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Adorei! Especialmente a forma como você detalhou os personagens, construiu o universo de cada um. E o jeito que a Adele fala, meu deus! Genial! No último quarto do livro eu tinha aquela tentação de dar uma folheada furtiva pra ver se pegava algo do que ia acontecer, mas torcia pra não pegar nada quando as páginas viravam, haha. Muito bom, mesmo. Obrigada pelo presente. – Estelita Hass Carazzai
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Acabei de ler Pequena biografia de desejos, adorei os personagens, seus trajetos curitibanos, o humor, a profundidade, lindo, lindo. – Marcia Moraes
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Terminei de ler Pequena Biografia de Desejos. Parece a jornada do Desidério (que nome, ôtcha) tateando o próprio caminho às escuras, e do nada ELA. Fantástico! – Walter Bach
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Procurando um título que eu queria acabei encontrando o seu livro. Decidi comprá-lo, e certamente foi uma compra muito bem feita. O livro me prendeu do início ao fim, com uma história criativa e com personagens incríveis que possuem características do meu ser. Então quero te elogiar por esse excelente livro que você escreveu. Um livro que me deixou com aquela sensação de “órfão” quando o terminei. São inúmeros os aspectos que me impressionaram. Portanto, parabéns pela habilidade e qualidade do texto, espero ansiosamente seu próximo livro. Eu sou apaixonado por cinema e quero muito trabalhar fazendo filmes. E, como você bem sabe, o Desidério é um porteiro que ama literatura e decide escrever um livro. A medida que eu lia, eu mais tinha certeza que quero trabalhar com a arte que eu amo. Então, obrigado por esse pontapé, de verdade, foi um baita incentivo. Estou recomendando seu livro para várias pessoas. – Matheus Santanna
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Depois de 1 ano, Pequena biografia de desejos ainda ressoa em mim em uma compressão que não sei muito bem onde se localiza! São algumas pulsações intensas e melancólicas muito significativas! Muito bom! – Eduardo Silveira
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O livro é muito bom. Acho que ele ainda vai ser muito lido. É a cara de Curitiba. E uma cara autêntica, aquela Curitiba que o Dalton tem buscado, acho que tem muito ali no Pequena biografia de desejos. – Assionara Souza
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Pequena biografia me causou uma agradável surpresa. Surpresa que foi crescendo e me tomando conta à medida que fui avançando na leitura: a construção dos personagens, a linguagem, o foco narrativo com bastante discurso indireto livre, pra falar bonito, e o final surpreendente e poético. Sobretudo poético. Foi uma estreia acima da média! E o próximo romance, em que pé está? – Otto Leopoldo Winck
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Li “Pequena biografia de desejos”. Por mais que eu já conhecesse o autor e soubesse que deveria esperar uma obra de qualidade, foi uma agradável surpresa. Trata-se de um belíssimo romance, em que as cruezas e sutilezas do sonho, da vida e da morte se entrelaçam de forma profunda e contundente, na rotina de um cidadão comum, mas nem tanto, pois cala na alma, de forma nada tormentosa, a sua própria vida, acalentando desejos que ficam apenas adormecidos, como o de saber lidar com a palavra escrita, já que com a fala não era muito hábil. Essa leitura é fascinante por isso, por um ser tão rústico, talhado pelas rudezas da vida e pelo silêncio, nutrir um desejo tão ávido de palavra. Como se apodera daquelas caixas de livros descartadas por um intelectual, não por serem livros importantes, mas pela importância do que se descortina em forma de livros para Desidério, que mergulha em um universo de ideias, sonhos e palavras. O mistério das mentes privilegiadas agora lhe pertencia, provocando-o a inventar a sua ficção, descobrir a sua enunciação diante do mundo. – Martinha Vieira
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A capital paranaense é pano de fundo para o primeiro romance existencialista de Cezar Tridapalli. Os nativos, ou quem já morou por aqui, percebem o jeitão curitiboca de ver o mundo, esperança e pragmatismo se alternam, como o curto verão e os prolongados invernos, numa cidade fechada com os vizinhos e simultaneamente escancarada aos mais diferentes modos de encarar a vida. – Thadeu Guaraciaba de Aquino
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Confesso que positivamente me espantei. Bela forma de escrever um romance – sem aquela linearidade, muitas vezes, presente… Mais, gostei das relações que fazes com o nosso fazer pedagógico… Conheço (?) o professor do 602! E como tem desses por aí… Gostei também de ver tua capacidade criativa de estabelecer “cortes”, trazendo o inesperado pelo leitor e, com isso, não cair no lugar comum! Enfim, gostei mesmo! Siga em frente… Espero ler o próximo… – Ercília Ana Cazarin
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O livro de Tridapalli é uma das melhores estreias literárias que já tive o prazer de ler. Maduro, profundo, envolvente e bem escrito são algumas das qualidades dessa pequena biografia, que narra a história do porteiro Desidério, aspirante a escritor. E agora você deu um longo suspiro, achando tedioso e previsível o fato de um livro de estreia tratar do próprio ato da escrita. Vá por mim, a obra é excelente, crítica, questionadora e cheia de sensibilidade. – Mariana Sanchez
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Talvez isso seja pouco para justificar que eu tenha curtido a leitura: um protagonista atípico no mundinho literário, essa vontade de conhecer a vida dos outros, que também podem se encantar com capas de livros e com o oceano de uma biblioteca. O livro é bem escrito, algo unanimemente apontado pelas críticas, a representação de Curitiba é tão boa quanto a de outro grande título paranaense que li no ano passado (Nós passaremos em branco, de Luís Henrique Pellanda) e é um bom romance de estreia – bom o suficiente para que fiquemos curiosos acerca do que o autor poderá escrever no futuro. E isso é o bastante para mim. – Arthur Tertuliano
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Li Pequena Biografia de Desejos nesse comecinho de 2012. Quando começava a ler, não queria parar! Leitura prazerosa. – Cristiane Macedo
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Ao terminar o livro, fiquei com a impressão de ter um Desidério dentro de mim. Ficou muito bom. Fico esperando o próximo livro do autor. – Julio Peripolli
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Passado algum tempo após a leitura de seu romance, algumas vezes me visitaram o mundo dos pensamentos as cenas que imaginei referentes ao protagonista registrando no interior de sua guarita, casulo… as partes que lhe atraíam nas leituras que fazia durante seu horário de plantão. Há nessa ação um misto de situações relativamente opostas que se fazem presentes na vida de todos, creio: 1) o ato de escrever, em especial, numa parede ou num móvel, ou algo parecido é uma espécie de contravenção, é um ato insubordinado aos padrões costumeiros; 2. O fato de esconder as anotações é como escrever um diário que se quer que exista e sobreviva sob a forma “quase secreta”. Há nisso uma certa timidez ou uma intimidade com o que leu e que quis guardar para a sua “eternidade” ou as de quem vissem tais registros. Enfim, é isso que me alugou por um tempo a cabeça e de vez em quando volta. – Francisco Carlos Rehme
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O que mais me encantou no Pequena Biografia de Desejos foram os personagens, suas vicissitudes, suas vontades. Como disse o André Tezza, na apresentação do livro, trata-se de um romance inserido em uma tradição literária mais preocupada em contar boas histórias do que em revolucionar a linguagem. E isso não significa que o autor, Cezar Tridapalli, não tenha enormes méritos por saber conduzir a trama com uma linguagem leve, atraente e bem elaborada. Um dos meus livros preferidos dos últimos tempos. – Eduardo Baggio
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Um livro ótimo, como diz na orelha, que não parece um primeiro romance, mas uma história sólida, bem construída. Também são interessantes as pequenas passagens filosóficas, que “abandonam” (não é o termo certo) o aspecto de ficcção, de história, e fazem o leitor pensar, dar atenção e ficar colado às páginas. Quando concentrado, depois de algum tempo de leitura consecutiva, pude ver como tudo era bem conectado, coisa que muito me agradou. Acho, também, que não abandonarei na memória essa história, já que, sem dúvida, ajudou a esculpir o meu perfil de leitor. – Giovani T. Kurz
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Pequena biografia de desejos é um livro que impressiona pelo trato com as palavras, pelas sutilezas no uso dos significados e sentidos que essas podem suscitar e pelo proporcionar de um reconhecimento do humano que está presente em todos nós – tudo isso sem perder a graça e o humor. Recomendo! – Carolina Becker
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Pequena biografia de desejos nos faz refletir sobre a vulnerabilidade humana que permeia a existência de pessoas comuns, diversas entre si, e excepcionais dentro dessas diferenças, em seus conflitos e suas estratégias de sobrevivência. – Vilma Costa
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Terminei o seu livro e gostei muito. Achei interessante a maneira como as histórias dos personagens se juntam durante a narrativa, tudo com um fôlego impressionante, sem perder a trama. Você conseguiu expôr tanto o exterior do protagonista e como ele era visto pelos outros personagens, como o interior, os seus devaneios e sonhos; misturando tudo com a voz do narrador, que vai guiando a história com mão firme. Parabéns pelo livro e muito sucesso como escritor! – João Felipe Gremski
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Já li Pequena biografia há mais de um mês. Enrolei pra escrever, viajei, voltei e fui deixando. Acho que, de tudo o que eu possa dizer sobre o livro, o principal é que ele teve o dom de me transportar de volta à adolescência e início de juventude em Curitiba. De certa forma, foi um reencontro com sensações que eu procuro mas já não tenho nem mesmo quando visito a cidade. Ler a Pequena biografia me falou mais sobre a cidade em que eu aprendi a ser gente do que as rápidas viagens que faço hoje. E então eu pude exercer a saudade de tomar o Hauer/Boqueirão na porta de casa, do medo pré-vestibular de não conseguir “vencer na vida”, das noites frias enfrentadas a pé no antipó do bairro, das descobertas e das desilusões.
Enquanto o seu Desidério sonha com uma vida inatingível, eu por minha vez fiquei imaginando o quanto já estou dissociado daquele cara ingênuo, pobre e desajeitado de há 20 anos ou mais, mas ao mesmo tempo tento recuperar e dar o devido peso ao quanto daquilo me forjou e ainda faz parte de mim.
E imagino, por outro lado, que nem de longe a sua narrativa tentou estabelecer esse tipo de conexão meio ilógica. Mas a obra, quando sai do seu autor, já não pertence mais a ele. O que se dirá então dos seus efeitos sobre as pessoas. – Marcio Achiles Sardi
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Terminei de ler o romance Pequena Biografia de Desejos. Os personagens ainda me habitam e eu tento conversar com eles e entender a vida. Muito para pensar, conversar, criar. Sinal que o livro é muito bom e recomendo! Ah, nunca mais as guaritas dos edifícios serão as mesmas para mim. Quem sabe descubro um caderninho azul… – Gloria Kirinus
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Mais do que o belo enredo, a sutileza no manejo das palavras foi o que me cativou na leitura de Pequena Biografia de Desejos. Parabéns! – Eliane Zaionc
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Escrevo essas linhas quase dois meses depois que terminei de ler o livro Pequena Biografia de Desejos. Esse tempo me pareceu necessário para que tentasse evitar, assim como fazemos com quem recém conhecemos, de cometer juízos calorosos sobre as personagens que Cezar Tridapalli me apresentou através do seu romance de estreia.
Apesar dos quase sessenta dias, mesmo começando e terminando outras leituras, ainda me pego dialogando com Desidério, Macária, entre outros personagens do romance. Sem dúvida, o livro me tocou e entrou como mais um nó na minha teia de tramas e personagens que alimentam meus diários devaneios. Uma teia que não sei exatamente onde e com quem começou, mas que, não por coiencidência, parece uma grande mesa de bar em que amigos, autores e personagens se misturam, travando longas e prazerosas discussões.
E nesta conversa com tanta gente envolvida, a obra de Cezar Tridapalli me fez retomar uma questão que me havia sido mostrada por Tchecov: tudo o que você vê ao se relacionar com os outros é mentira, pois a verdade de cada um só é revelada quando se está sozinho no quarto. A partir desta ideia, considero a história de Desidério, protagonista do romance, um tanto distópica. No entanto, não de maneira direta, sendo capaz de compará-la com Admirável Mundo Novo e Fahrenheit 451, por exemplo, em que testemunhamos uma crítica a modelos de sociedades apocalipticas. Em Pequena Biografia de Desejos a crítica é para você, eu e nós. Um falso coletivismo que torna o presente um período em que, nada mais, antecede um futuro nada utópico – Vinícius Soares Pinto
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Prazeroso o curto tempo que levei para ler a pequena biografia de desejos. No fim das contas, os desejos – sejam os de Desidério, Adele, Cevício, Macária (sim, essa certamente os tinha, mesmo que trancafiados) – se valem por si só. Valem pelo seu lado “alma”, imaterial. Quanto à sua materialização, ou ela é fortuita e passageira ou então… fica no campo do desejo.
Genial, entre outros, esse trecho: “Algum motivo há no fato de que as crianças chorem sempre ao nascer e, ao morrer, o homem relaxe a musculatura do rosto e pareça sorrir?” (p.211)
Bela fórmula de tão bem caracterizar os personagens, posto que tenho logo a impressão de conhecê-los em detalhes: suas características são esmiuçadas até nas palavras não ditas, nas entrelinhas e em frases curtas, sob medida – Francisco Carlos Rehme
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A ¨tua voz¨ me causa o mesmo que Vilas-Matas, Saramago e García Márquez me causaram, uma necessidade de respirar depois de cada capítulo! Sabe, gosto muito desse discurso sem pausa e caótico, um dos motivos de eu tentar agora o mestrado com os contemporâneos em mente. Ainda bem que seu livro veio para as minhas mãos – Emanuela Siqueira
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Olha só: sou um leitor lento e minha vida anda bastante turbulenta sem deixar tempo para que eu “devore” livros. Mas não confunda a lentidão com algum indicativo de não envolvimento na história. Só posso te adiantar que, muito além de ficar nítida a incrível alta qualidade literária dessa sua “obra inicial” (parece um veterano, mano… rs), é uma história que me emocionou. Me pegava, nos momentos vagos, imaginando o que iria acontecer ao pobre Desidério e louco para poder retornar a ler mais algumas páginas – Mauro Micheloto Braga
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Terminei de ler o livro, achei interessante a história se passar em nossa cidade, com a descrição de nossos cenários e costumes… alguns bons e outros nem tanto… a aflição de Desidério em seus momentos de agonia me fez pensar o quanto nós deixamos de escrever nossos sonhos enquanto há tempo, e às vezes pode ser tarde demais para tentar publicá-los…
Um grande abraço! – Luiz Eduardo Arns
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Literalmente acabei de terminar o livro… Não tenho o conhecimento literário pra julgar. No entanto, gostaria de dizer que adorei a leitura! Principalmente a sutil descrição psicológica dos personagens, que com uma ou duas histórias de suas vidas acabamos por sentir como se os tivéssemos conhecido pessoalmente e somos capazes de julgá-los… Grande abraço e obrigada pela leitura!! ; ) – Lívia Bonadio
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O seu livro, o li por completo; reverberou – faz algum tempinho também, pois não costumo – como as gentes finas – ler devagar, ficar degustando de fora para dentro. Quando gosto da obra, engulo – como as gentes gordas e as serpentes (sou serpente no signo chinês) – tudo de uma vez só e deixo que a satisfação seja plena e absorvida de dentro pra fora. Congratulações! – Levis Litz
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Incrível o romance. Li em um só fôlego e ainda estou remoendo as imagens, algumas frases, alguns personagens. Gostaria de ter mais palavras para comentar as suas. Como não tenho, termino apenas deixando um sincero agradecimento, por ter escrito esse livro, tão precioso.
Um cordial abraço – Wigvan Pereira
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Quando terminei de ler, peguei o caderno e escrevi que o seu livro era “um cortejo fúnebre da inocência, do imaginário que não tenha pés fincados na realidade material que o possibilita”. Enfim, o romance é daquelas obras que ficam quicando nas paredes da cabeça. O imaginário é um modo de criar possibilidades para a vida, mas também um cárcere, não? – Gabriel Rachwal
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Da mesma forma que Emma Bovary é Flaubert, ela também pode ser eu, pode ser você, pode ser qualquer outra pessoa, mesmo duzentos anos depois de ter sido escrita e pensada. Talvez seja isso o que tanto me encanta na literatura: esse potencial de sermos outro, outros. A literatura é um convite à alteridade. Em Pequena biografia de desejos, através de Desidério, desenham-se personagens e vida num jogo mosaico de encontros, de passado e presente, de desejo e de destino. – Ronie Rodrigues
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Pequena Biografia de Desejos, por meio de um texto ágil e envolvente do início ao fim, traz nas linhas e entrelinhas reflexões sobre algumas dicotomias da existência. A voz narrativa, em terceira pessoa, contrapõe, praticamente o tempo todo, o dilema da vida como ela é e a vida dos sonhos, a necessidade de estar inteiro do presente e o porvir. – Márcio Renato dos Santos
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No “frigir dos ovos”, a história é sobre um sujeito dividido, uma personalidade cindida que se esvai no nada de sua própria criação inconclusa, batendo de frente com o contraste final da irreverência cruel contra a ingenuidade de um idealismo, o do protagonista Desidério, que é massacrado por um pragmatismo só visto em sociedades imediatistas como a nossa. E assim a metáfora do esqueleto de aranha se realiza na tessitura verbal do próprio romance. – Paulo Venturelli
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Você conseguiu criar personagens complexos sob a interessantíssima máscara da caricatura. A minha surpresa foi simplesmente essa: o teu romance de estreia é fantástico! Tenho certeza de que você está abrindo uma longa e bela estrada capaz de nos traduzir a vida. – Maria Célia Martirani
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Você demonstra domínio da linguagem desse gênero tão condenado ao desaparecimento quanto resistente há dois séculos. Produz uma obra que, não poderia ser diferente a essa altura, brinca com a metalinguagem – o romance, por assim dizer, escreve a si próprio enquanto o lemos – e faz alusões a outros romances, como no uso inspirado do clássico O Deserto dos Tártaros, de Dino Buzzati. – Christian Schwartz
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É um livro maduro, envolvente, de um vigor narrativo que só encontramos em escritores com mais tempo de estrada. Mas as qualidades vão além. É um olhar singular sobre o Brasil, a partir de Curitiba, esta cidade que desde Dalton Trevisan soube construir uma escola literária muito peculiar, de distanciamento, racionalidade e um fino humor. – André Tezza Consentino