Quando todos só falam, quem escuta?
Valorizar passividade dentro de um mundo que pede ação parece contrassenso, exercício de contramão. Mas aqui podemos resgatar etimologias: passividade como paixão, também como sofrimento – permitir-se sofrer uma ação. Como quem se deixa afetar e com isso gera afetos, comove, constitui experiência.
Abrir-se para ouvir, abrir-se para falar com a voz do outro, essa entidade que nos tece e de quem dependemos para sermos o que somos, é saber silenciar espalhando-se em outros olhos, outras línguas.
Ler literatura: ouvir. Escrever literatura: também ouvir, ser palavra de quem cede a palavra, organizar o espaço e o tempo para o debate das falas e por isso jogar fora, no fluxo da ficção, o que é unilateral, voz única – unívoca. Escrever literatura é costurar polifonias – para lançar mão da voz do outro é preciso ouvi-la – e despejá-las na arena de conflitos que se engalfinham entre a capa e a contracapa, e escapam pelas margens, todas elas, quando um livro se fecha. Ouvir e viver outras vidas porque a vida real é pouca. Limitadinha.
O Litercultura 2018 se coloca em lugar de escuta. Autores leitores de autores nos contam o que ouviram, como ouviram.
E se valorizar a passividade da escuta parece contrassenso, exercício de contramão, ora, não tem sido esse o papel da Literatura, gerar ruptura nos consensos, bagunçar o fluxo único por onde caminhamos? Afinal, falamos melhor quando escutamos atentamente.
PROGRAMAÇÃO (início às 19h30):
06 AGO (seg) – Veronica Stigger
07 AGO (ter) – Cristovão Tezza
08 AGO (qua) – Ana Maria Gonçalves
09 AGO (qui) – João Silvério Trevisan
10 AGO (sex) – Noemi Jaffe
ENTRADA GRATUITA
CAPELA SANTA MARIA (Rua Conselheiro Laurindo, 273. Centro – Curitiba)
Ingressos antecipados a partir do dia 23 de julho, das 9h às 12h e 14h às 17h30 no local do evento. Limitado a um par de ingressos por dia.
Todas as informações em: http://www.litercultura.com.br/ e www.facebook.com/litercultura/
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