A mestranda pela UCS (Universidade de Caxias do Sul) Natalia Susin Cechinato, em parceria com seu orientador, o professor doutor João Claudio Arendt, publicou na “Fólio – Revista de Letras”, da UESB (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia), artigo acadêmico intitulado “O monstro de ser quem se é: o duplo no conto ‘Mimosa pudica’, de Cezar Tridapalli.
O conto, publicado na coletânea 48 contos paranaenses, organizada pelo escritor Luiz Ruffato e lançado pela Biblioteca Pública do Paraná em 2014, também pode ser encontrado na edição V da Revista Arte&Letra: estórias, bem como na Revista Flaubert (versão eletrônica aqui).
Os autores do artigo se valem de autores como Jorge Luis Borges, Guimarães Rosa, Machado de Assis e Graciliano Ramos, bem como dos teóricos Otto Rank e Clément Rosset, entre outros, para investigar o tema do duplo presente em “Mimosa pudica”.
Confira um trecho:
De acordo com Rank (1939, p. 14), “o passado de um indivíduo está ligado tão intimamente à sua existência, que se tornará desgraçado tentar desligar-se dele”. É em razão disso, talvez, que o protagonista mostra-se incapaz de se orgulhar do passado, ou esperar por algo bom do seu futuro. Ainda com base no excerto do conto anteriormente transcrito, constatamos que o homem parece representar alguém que acredita que um passado obscuro pode condenar o futuro. Por outro lado, do ponto de vista da segunda representação do duplo no conto, existe a possibilidade de o protagonista representar alguém que não ama a si mesmo e, por isso, torna-se inapto para expressar o seu afeto à mulher.
Essas duas perspectivas do duplo presentes no conto trazem à tona a insatisfação da personagem consigo mesma e com Ana, a mulher a quem devota o seu amor desde a juventude:
“Minhas esperanças eram burras. Eu queria que minhas mãos ásperas alisassem o comportamento áspero de Ana. Asperezas com asperezas fazem nascer o improvável, eu pensava: lixa na parede arisca origina lisuras insuspeitadas (a lixa se desgasta, a parede se alisa). Esse era meu raciocínio e também minha esperança” (TRIDAPALLI, 2014, p. 76).
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Link para o artigo completo: http://periodicos2.uesb.br/index.php/folio/article/view/3636/3422
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